Terra Indígena Digital convida: Caiçaro Carneiro
Atualizado: 19 de fev. de 2021
Na cidade de São Paulo - metrópole da América Latina - resistem indígenas de vários cantos de Pindorama (Brasil), que transitam quase que invisíveis por milhares de pessoas diariamente, isto é resultado de uma mentalidade colonialista que nos condiciona a acreditar apenas na existência de indígena em aldeias, e em lugares isolados e afastados do meio urbano, porém o indígena está em todo o lugar.

Os povos originários sempre estiveram em Abya Yala e estão presentes na cidade - que muito antes de virar um território urbanizado - era um território do "bem viver". Muitas das cidades do nosso país eram Tabas (habitação indígena) que foram sendo sufocadas pela colonização, pelo cimento e pelo mito do desenvolvimento. É sabido que tentaram de todas as formas colocar o povo nativo de Pindó e Mara´nhan em um tempo passado, porém a ancestralidade atravessa o tempo e o espaço e resiste nos corpos nativos da cidade.
Sendo assim, o coletivo Colabirinto convidou diversos artistas para estrearem na nossa primeira exposição digital "Terra Indígena Digital", para que demarquem também este território e que sejamos história da arte indígena neste país. Que daqui há 100 anos estes artistas indígenas tenham o seu nome citado em livros de História da Arte de Pindorama e que sejam referência de arte indígena contemporânea.
A arte é vida, vida conectada com corpo que cria obra.

Trazemos aqui a artista Caiçaró para nos contar um pouco de sua vida e obra.
Caiçaro é da etnia Tukano pelo lado paterno, porém seu nome é benzido pelo povo Tariano.
Caiçaro é de uma comunidade chamada Duraka Kapuamu, que fica no município de São Gabriel da Cachoeira - local também conhecido como "Cabeça do Cachorro", no noroeste do Amazonas no Rio Negro. É um município brasileiro do interior do estado do Amazonas, região Norte do país. É a cidade mais indígena do Brasil, que tem mais de 45 mil habitantes. Localizada na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, 90% da população é indígena de 23 etnias, falam várias línguas diferentes: baniwa, tukano, nheengatu, yanomami e português.
A artista viveu na aldeia até os 9 anos e foi morar na cidade de São Gabriel. No ano de 2016 foi para São Paulo tentar fazer faculdade de ciências sociais, chegou a passar em alguns vestibulares, mas não exerceu.
Em 2019 fez um curso de 1 ano de figurino e estilismo, aprendeu a costurar e fazer figurinos.

Hoje ainda não conseguiu voltar para a sua terra, pois está em busca de se estruturar, está planejando fazer vestibular para moda, ou algum curso que trabalhe a sua criatividade artística.
Com 22 anos quer voltar para a comunidade e mostrar tudo o que aprendeu com os povos indígenas que vivem em São Paulo, e mostrar o que pode melhorar, o que pode resgatar e dar continuidade ao que é essencial da sua cultura, tradição e costumes.
Quer fazer faculdade para se aprimorar nas ações do Juruá ( brancos ), mas enfatiza que "Não era pra ser assim. Por que tenho que sair da aldeia para estudar a educação do branco? infelizmente tem sido assim”.

Conheça um pouco mais de Caiçaro, essa artista multiplataforma aqui.